sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ibogaína: a droga que cura o vício


Da planta iboga é extraída a ibogaína, uma substância psicodélica que faz sonhar por 12 horas e é cada vez mais usada contra a dependência química

Fausto Salvadori

Deitado numa cama, Wladimir Kosiski, 33 anos, viu, literalmente, sua vida passar como num filme — e descobriu que era um drama ruim. A abertura até prometia: cenas de sua infância e adolescência, o casamento, o emprego como vendedor em uma multinacional em Curitiba (PR), a faculdade, dois filhos... Mas, ao chegar aos 21 anos, o roteiro virava filme B, uma típica história de dependência de drogas, reprisando todos os clichês do gênero. O crack, então, roubava a cena: uma sequência previsível de empregos perdidos, faculdade abandonada e bens vendidos a preço de banana para pagar o vício. E sua carreira de vendedor em multinacional acabou enveredando para a vida de aviãozinho do tráfico em troca de alguns gramas de pedras. 

O filme apareceu como uma espécie de sonho acordado durante as 48 horas que Wladimir passou sob o efeito da ibogaína, uma droga psicodélica, em uma clínica no Estado de São Paulo (que prefere não divulgar o nome). Durante esse tempo, ele ficou sonolento, mas plenamente consciente. Viu nítidas as imagens de sua vida, como se fossem projetadas em uma tela de LCD na parede do quarto, logo acima do médico que o observava sobre a cama. Quando o efeito passou, foi a primeira vez em anos que Wladimir acordou sem a fissura, o desejo incontrolável pela fumaça do crack que ataca os dependentes. Nem o desejo, nem as náuseas e nem as dores comuns desse tipo de abstinência apareceram. “Era como se eu nunca tivesse usado droga nenhuma”, diz o hoje administrador de empresas, que passou pelo tratamento e se livrou da dependência em 2007. 

A substância que ajudou Wladimir é cada vez mais usada em terapias experimentais contra o vício. De 1962, quando começou a ser testada em dependentes químicos, até 2006, 3.414 pessoas usaram a ibogaína, obtida a partir da raiz de um arbusto africano, a iboga, para fins terapêuticos. Só nos últimos quatro anos, no entanto, 7 mil pessoas passaram pelas terapias, de acordo com dados preliminares de um estudo do Dr. Kenneth Alper, da New York School of Medicine, nos Estados Unidos. O número de tratamentos cresceu tanto que provocou uma escassez da substância, ainda produzida de maneira artesanal, no mundo. 
Wladimir Kosiski, 33 anos: diz estar livre do crack após ter ficado 48 horas sob o efeito da ibogaína
Crédito: Carolina Pessoa

AVAL DA CIÊNCIA> Boa parte dos cientistas torce o nariz diante da ideia de se usar uma fortíssima droga psicodélica para se tratar dependentes químicos. Porém, o crescimento no número de terapias bem-sucedidas e o início de novos estudos deram mais credibilidade à prática. Um deles começou em julho, conduzido pela Associação Multidisciplinar para Pesquisa de Psicodélicos (MAPS, na sigla em inglês), de Santa Cruz, na Califórnia. De acordo com a entidade, trata-se da primeira pesquisa sobre os efeitos de longo prazo da ibogaína na luta contra o vício. O levantamento é feito em cima de usuários de heroína, tratados com a droga por uma clínica do México, a Pangea Biomedics. O interesse dos pesquisadores surgiu após estudos que mostram os benefícios da prática. “Há cada vez mais aceitação por parte da comunidade científica”, afirma Randolph Hencken, diretor de comunicação da MAPS. Os pacientes da Pangea são, em boa parte, americanos que cruzam a fronteira para receber um tratamento considerado ilegal nos EUA (embora a pesquisa seja permitida por lá).
Já no Gabão, é considerada tesouro nacional. Na África Central, curandeiros usam a raiz em rituais contra as chamadas “doenças do espírito”.
Um deles, da religião Bouiti no Camarões, faz com que o participante coma uma grande quantidade de iboga (que pode chegar a 500 g) enquanto um grupo canta, toca e dança a noite inteira. A cerimônia de três dias pode produzir um coma induzido — o que é entendido como uma viagem ao mundo dos mortos. O objetivo, dizem, é receber revelações, curar doenças ou comunicar-se com aqueles que já morreram. Trabalho da antropóloga paulistana Bia Labate, que estudou a droga, afirma que “acredita-se que os pigmeus tenham descoberto a iboga em tempos imemoriáveis”. 
O EFEITO> Ainda não se sabe exatamente como essa substância atua no combate à dependência, mas dezenas de pesquisas em animais e humanos indicam que age em dois níveis: tanto na química cerebral como na psicologia do dependente. Por um lado, a droga estimula a produção do hormônio GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais. Isso permitiria reparar áreas do cérebro associadas à dependência, além de favorecer a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar e prazer. Isso explicaria o desaparecimento da fissura relatado pelos dependentes logo após sair de uma sessão. 

Na outra frente, a ibogaína promoveria uma espécie de psicoterapia intensiva ao fazer o paciente enxergar imagens da própria vida enquanto a mente fica lúcida. Estas visões não seriam alucinações, como as imagens de uma viagem de LSD. É como sonhar de olhos abertos, o que ajudaria os dependentes a identificar fatores que os teriam empurrado para as drogas em determinados momentos da vida. Estudos com eletroencefalogramas feitos pela Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, apontaram que ondas cerebrais de um paciente que tomou ibogaína têm o mesmo comportamento daquelas de alguém em REM (a fase do sono em que sonhamos). “O sonho renova a mente e, se no sono comum temos apenas cinco minutos de sonho a cada duas horas, na ibogaína são 12 horas de sonho intensivo”, aponta o gastroenterologista Bruno Daniel Rasmussen Chaves, que estuda o tema desde 1994 e participará da pequisa da Unifesp. 

RISCOS> No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que não há restrições legais à ibogaína, mas seu uso como medicamento não está regulamentado. Por isso, os tratamentos são considerados experimentais e as clínicas não fazem propaganda. A importação é feita pelos próprios pacientes, que pagam cerca de R$ 5 mil por uma sessão com o derivado da raiz. Após passar por exames médicos, o dependente ingere as cápsulas, deita-se em uma cama e deixa sua mente navegar pelos efeitos, que podem durar até 72 horas. Durante esse tempo, médicos monitoram o paciente. Vale dizer que a literatura médica registra 12 óbitos associados ao uso de ibogaína nas últimas quatro décadas, provocados por diminuição na frequência cardíaca (o equivalente a uma morte a cada 300 usuários). No entanto, estudos de Deborah Mash, neurologista da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, que já acompanhou o tratamento de cerca de 500 pacientes, apontam que não há registro de morte por ingestão de ibogaína em ambiente hospitalar. É preciso que o paciente chegue “limpo” à sessão. “As mortes registradas ocorreram em tratamentos de fundo de quintal, em que as pessoas fizeram uso concomitante de ibogaína e outras substâncias”, afirma Chaves. 

NÃO HÁ FÓRMULA MÁGICA> Estudiosos e pacientes avisam: a droga não é uma poção mágica. Para se livrar da dependência, Wladimir Kosiski aliou o tratamento à psicoterapia e mudança drástica de hábitos. Voltou a trabalhar, a estudar e nunca mais pisou no local onde comprava crack. Não foi isso o que fez o professor Gilberto Luiz Goffi da Costa, 44 anos, que se tratou com ibogaína pela primeira vez em 2005. Viciado em drogas desde os 14 anos, Gilberto já acumulava 18 tratamentos fracassados contra dependência. Volta e meia, dormia nas ruas de Curitiba e praticava roubos para comprar crack: já havia sido preso cinco vezes. Após usar ibogaína, achou que estava curado. “Tive uma sensação de bem-estar, mas é um efeito que se perde depois”, afirma. Estava livre do desejo, mas continuou a frequentar os mesmos ambientes e amigos com quem dividia drogas. Em pouco tempo, foi dominado novamente pelo crack. “A ibogaína retira a fissura, mas a pessoa pode continuar a usar droga mesmo sem vontade, como alguém que estraga um regime por gula, não por fome”, diz Chaves. Gilberto só conseguiu permanecer “limpo” após a terceira vez que se tratou, em 2008, quando aliou a substância a uma troca completa de atitudes, seguindo o método dos Narcóticos Anônimos. Sem consumir drogas há dois anos, hoje dá aulas de línguas e é consultor no tratamento de outros dependentes. Ao contrário da viagem pelo mundo dos mortos em uma sessão dos rituais africanos, a ibogaína ajudou o curitibano, pouco a pouco, a permanecer no mundo dos vivos.
Fonte: Revista Galile

terça-feira, 22 de julho de 2014

Ação da Ibogaína

A ibogaína tem denominação química e 12-metoxibogamina. Pesquisas feitas em humanos e animais indicam que a erva age em dois sentidos, por um lado ela age na química cerebral, estimulando a produção da proteína GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais.
Isso permite que áreas do cérebro relacionadas com a dependência sejam reparadas e assim estimula a produção de neurotransmissores responsáveis pela produção do prazer; a serotonina e a dopamina. São essas substancias que podem explicar o desaparecimento da fissura pela droga relatada por dependentes logo após uma sessão.
Estudos preliminares também mostram que a ibogaína pode ajudar no tratamento do alcoolismo. Durante a pesquisa, ratos e camundongos foram induzidos ao consumo de álcool em doses diárias ate habituarem-se a bebida. Os testes com Ibogaína demonstraram uma queda efetiva no consumo de álcool pelos roedores, diretamente relacionado ao aumento da produção de uma proteína pelo cérebro, o GDNF.
De acordo com o italiano Antonio Bianchi, médico e toxicólogo em produtos naturais, a ibogaína "age sobre uma quantidade de receptores neuronais. Sua característica fundamental e a sua ação sobre a NMDA (N-metil-D-aspartate). Estes receptores estão presentes, sobretudo em duas áreas: o HIPOCAMPO, que controla a memória e as recordações, e a SENSIBILIDADE PROPRIOCEPTIVA, parte responsável pela sensação que temos do nosso corpo físico." Se estes receptores são bloqueados, a pessoa constrói uma imagem do "eu" que não esta relacionada com o eu físico, ou seja, está fora do corpo. Este seria o mecanismo neurofisiológico da "viagem astral", o ponto de encontro entre a teoria nativa e a científica. Nestas condições, o homem tende a construir aquilo que e definido como uma bird eye image, ou seja, o sujeito assume uma projeção de si mesmo a partir de uma posição do alto>>, afirma o médico.
Uma vez que a ibogaína chega ao fígado, torna mais fácil sua ação de distribuição e melhor atuação celular. Vários fatores simples podem evitar que baixe a ação da ibogaína no corpo. Isso pelo fato de que quanto menos ela tiver que "brigar" com outras enzimas para diminuir sua ação, maior sera o resultado de sua atuação no organismo.
Ela produz efeito terapêutico acumulativo no tecido adiposo que é liberada lentamente no organismo. O efeito da substância pode ser sentido por vários dias.
A taxa média de eficácia da Ibogaína para tratamento da dependência de crack é de 80%, que é altíssima, principalmente se lembrarmos de que, além de ser uma doença gravíssima, as taxas de sucesso dos tratamentos tradicionais é de 5%. O fato é que a Ibogaína é hoje, de longe, o tratamento mais eficaz contra a dependência. Feito com os cuidados necessários, é seguro, eficaz, e não existem relatos de sequelas, nem físicas, nem psicológicas.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Iboga: Nem droga, nem divertimento

Em alguns anos, o interesse pela iboga se desenvolveu consideravelmente do qual atesta a riqueza dos sítios que lhe são consagrados. É tudo ao mesmo tempo, uma substância onirofrênica, um remédio para a dependência (heroína, crack, cocaína, álcool) e uma planta iniciadora no Bwiti africano.
O francês Jean-Claude Cheyssial consagrou-lhe dois documentários: A madeira sagrada, em 1995 e a noite do Bwiti, em 1997. Mais recentemente, Vincent Ravalec, Mallendi e Agnès Palcheler escreveram a seis mãos Madeira Sagrada, Iniciação ao Iboga, 2004, livro que se acompanha de recomendações constantes: “a iboga não é nem uma droga, nem um divertimento...”. Estas advertências fazem-se o eco da noite dos Bwiti a propósito das virtudes curativas da planta.
Impossível de classificar com efeito a iboga nas drogas recreativas. Aos antípodos* do divertimento, ela não convida a fugir à realidade mas opera um encontro com o si mesmo, com o seu inconsciente, e com os antepassados. A sua utilização é ritual. Acompanha sempre um rito de passagem: morte do velho homem e renascimento, renunciar ao velho homem, é renunciar à sua doença ou à sua dependência. É, por outro lado, a esse respeito que apaixona a comunidade científica que se interroga sobre os mecanismos da desintoxicação das drogas.
Em 1998, Anderson emite a hipótese segundo a qual a Iboga, ingerida num quadro xamânico ou psicoterapêutico induz um estado que se aparenta ao sono paradoxal do feto, e é caracterizado pela sua plasticidade; esta permite que as experiências traumatizantes sejam restauradas e integradas.
Ora, precisamente, Michel Jouvet, biólogo especializado na fase do sono paradoxal desenvolve a seguinte hipótese: O sonho aparece como “uma reprogramação do cérebro”. Com efeito, é responsável pelo “software”; permite reconfigurar e reiniciar o sistema. Consequentemente é o vigia dos nossos programas em matéria de hábitos, de necessidade, da individualização.
Esta metáfora é utilizada nos seminários onde se toma iboga: os testemunhos falam de programação, de processos a suprimir. Um dos participantes vindo depois de uma ruptura sentimental muito difícil explica que quando deixou o sítio, era como se as conexões neurológicas relativas a esta prova tinham sido eliminadas, como se o acontecimento nunca se tivesse produzido. É uma limpeza dos circuitos neurológicos, uma espécie de redução a zero dos contadores.
Outra propriedade interessante da iboga, é a possibilidade de manipular o material imaginário que seja pelo terapeuta, o nganga ou o participante. Continua a ser possível parar diante de uma imagem, de voltar para trás, de estudar uma alternativa. Em qualquer momento, a experiência pode ser dirigida. Não há nenhuma perda de consciência.
A disposição do espírito no qual se toma a iboga desempenha um papel muito importante. Para os africanos do oeste atua num rito de passagem. A madeira sagrada permite desfazer-se dos bloqueios psicológicos e sociais acumulados durante a infância, de comunicar com meu eu interior e de obter uma direção de vida.


*Antípodo: S.m. Habitante de um lugar da Terra diametralmente oposto ao de outro lugar. 
Fig. Contrário, oposto. 
Adj. e s.m. e s.f. Oposto, antitético.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Os rituais de iniciação da tradição do Bouiti

Atualmente a iboga é utilizada por curandeiros tradicionais dos países da bacia do Congo e na religião do Bouiti na Guinea Equatorial, Camarões e sobretudo no Gabão, onde membros importantes das hierarquias políticas e militares do país são adeptos. Aproveita-se principalmente a casca da raiz mas também atribui-se propriedades medicinais às folhas, a casca do tronco e a raiz. No Gabão, a raiz e a casa da raiz são encontradas facilmente nas farmácias tradicionais e nos mercados das principais cidades. Existe aí uma ONG dedicada inteiramente a iboga. Se mantida a tendência atual, a coleta da espécie selvagem está colocando-a em risco de extinção. A iboga pode ser utilizada sozinha ou em combinação com outras plantas. Ela é empregada no tratamentos da depressão, picada de cobra, impotência masculina, esterilidade feminina, AIDS e também como estimulante e afrodisíaco. Na crença dos curandeiros locais, é eficaz também sobre as "doenças místicas", como é o caso da possessão.
Tonye Mahop, pesquisador do Jardim Botânico de Limbe, conta que "existem vários registros de cura da dependência de cigarro, de mganga (marijuana africana) e de fofo (um álcool local concentrado, feito de vinha de palmeira) com a iboga nos cultos do Bouiti. O problema é que os informantes não contam bem como preparam e usam a planta, tem uma parte do conhecimento que fica sempre em segredo".
Existem dois tipos de Bouiti: o tradicional (que rejeita o cristianismo) e o sincrético, o mais difundido. O primeiro é praticado pelos Mitsogho e o segundo pelos Fang, ambos grupos Bantu. É provável que durante o século XIX os pigmeus tenham transmitido seus conhecimentos aos Apindji, que os teriam passado por sua vez ao Mitsogho, ambas populações do sul do Gabão. Estes grupos elaboraram durante o século XIX um culto dos mortos, o Bouiti tradicional. O Bouiti sincrético ou Fang foi elaborado na época da primeira guerra mundial. Ele é produto de influências do Bouiti tradicional; do culto ancestral tradicional dos Fang, o Bieri (que utilizava uma outra planta alucinógena), e da evangelização cristã, sobretudo católica. Atualmente há nove ramas do Bouiti. Existe um outro culto que utiliza a ioga, o Abri, até hoje pouquíssimo estudado. Este é comandado por mulheres e se dedica ao tratamento de doenças com ioga e outras plantas medicinais.
Abada Mangue Clavina é presidente da Associação Bombo Ima et Bandeei (ASSOKOBINAC) dos Camarões e líder de uma igreja Bouiti Dissumba Mono Bata em Yaounde, cuja base é o núcleo familiar composto por suas duas mulheres e 10 filhos. Há prières todos os sábados. De acordo com ele, existe um tratamento específico para a tóxico-dependência com o uso da iboga, que dura dois ou três dias, dependendo do paciente e da gravidade do problema. São ministradas duas, três ou quatro colheres de café (4 a 8 g) de um pó da casca da raiz (essa é raspada e picada). A "iboga purifica o sangue. Temos obtido sucesso em 100% dos casos". Os casos mais difíceis podem exigir a realização de iniciação, que tem como custo 200.000 mil francos centro africanos (CFA) em oposição aos 50 mil empregados no tratamento ordinário.2
A iniciação dura três dias. Na abertura, o candidato confessa todos os seus pecados e toma um banho ritual. Este momento clímax da vida do bouitisita é marcado pela ingestão em jejum de uma enorme quantidade de eboka (pode chegar a 500g) e de ossoup, uma espécie de chá frio feito com a raiz da planta. O grupo acompanha o neófito durante a prière, onde todos cantam, tocam e dançam noite a dentro.
A iniciação tem como objetivo produzir um coma induzido - os estudiosos ainda não conseguiram definir com precisão o tempo de duração deste. De acordo com os praticantes, em algum momento o espírito sai do corpo e viaja para o plano da criação, para o "lado de lá", isto é, visita o mundo dos mortos. Pode receber revelações, curas ou se comunicar com os seus ancestrais. A citar, a "harpa sagrada", orienta a viagem e traz o espírito de volta para o corpo. Terminada a cerimônia, o sujeito, renascido com uma nova identidade - Bandzi, 'aquele que comeu' - deve relatar detalhadamente as suas visões e experiências. A diferença do ritual Bouiti com outros rituais de passagem tradicionalmente estudados pelos antropólogos, é que neste caso, a morte é quase real (e não metafórica ou simbólica), pois explora-se o limite concreto entre vida e morte.
A curandeira Nanga Nga Owono Justine, iniciada há 25 anos na rama Dissumba do Bouiti, explica: "A Eboka é uma ciência que corrige. Ela é como uma porta que se abre somente quando uma pessoa morre. Os negros tiveram a fortuna através da Eboka de visitar o lugar para onde iremos quando morreremos, só que antes de morrer - é uma ocasião de se transformar." Sua mãe, a anciã Bilbang Nga Owono Christine, acrescenta: "para se curar você tem que estar convencido, é você mesmo que se cura. Precisa da intenção, da eboka e da fé em Deus, que é o maestro de tudo". Lembrando a sua própria iniciação, época em que tinha uma "doença nos olhos", contou que "uma estrela me guiou até um hospital no lado de lá, onde eu fui operada dos olhos. Vi o meu espírito saindo do meu corpo e os médicos me operando. Voltei curada".
Podem ocorrer morte nos rituais de iniciação do Bouiti. Segundo Calvin, isto pode acontecer devido a diversos fatores. Um deles é a incompetência ou falta de capacidade do guerriseur. Outro é que a eboka não pode ser administrada para um doente que esteja demasiado debilitado fisicamente. Finalmente, "se doente que faz a iniciação é um bruxo, durante viagem astral o seu espírito quer para ir para a zona da obscuridade. Ele pode se perder e no caminho e não conseguir voltar, causando a morte do corpo físico". Os Fang conhecem um antídoto, uma folha que anula o efeito da eboka, a qual chamam Ebebing.
Fonte:Viagem ao encontro da Iboga (Bia Labate)


* Bouti é a grafia em francês; em inglês é Bwiti e em português seria Buiti. Resolvi manter no original por via das dúvidas.
* Em fevereiro de 2001, 1 U$ dólar eqüivalia a 720 CFA.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Dez anos de terapia em uma noite (Ten years of therapy in one night)

In 1962, Howard Lotsof, a 19-year-old heroin addict in New York, ordered from a chemist iboga, a plant used in West African rituals, and tried it for extra kicks. After consuming the bitter rootbark powder, he experienced a visionary tour of his early memories. Thirty hours later, when the effects had subsided, he found that he had lost all craving for heroin, without withdrawal symptoms of any kind. He said he then gave iboga to seven other addicts and five stopped taking drugs immediately afterwards.
In 1985, Lotsof patented the ibogaine molecule for the purposes of addiction treatment, but could not get his treatment approved. In the interim years, ibogaine had been declared, along with LSD and several other psychedelic molecules, an illegal "schedule one" substance, with potential for abuse and no medical value. Although it found dedicated support among a ragtag group of countercultural activists and left-over Yippies, in 1995 the National Institutes of Health discontinued research into the substance, and pharmaceutical companies have since ignored it, perhaps due to low profit potential.
But now, interest in ibogaine is growing rapidly, passing a "tipping point" through a combination of anecdotal evidence, underground activism, journalism and scientific research. Articles have appeared in US publications ranging from the authoritative Journal Of The American Medical Association (Jama) to the populist Star. The Jama piece, Addiction Treatment Strives For Legitimacy, described the drug's stalled and tortured path through the regulatory agencies, noting that the treatment's frustrated supporters in the US have set up an "underground railroad" to give addicts access to the drug: "While unknowable scores of addicts continue ingesting ibogaine hydrochloride purified powder - or iboga whole-plant extract containing a dozen or more active alkaloids - few trained researchers witness the events."
The Star took a more colourful approach: "Rare Root Has Celebs Buzzing" it said, trumpeting the treatment as the hot ticket for "the numerous celebs who look for relief from their tough lives in the bottom of a bottle of Jack Daniel's, a needle or prescription medicine". The article insinuates that "some of our favourite A-listers" not only get cured but enjoy the hallucinations as an illicit "fringe benefit". Outside the US, new clinics have opened in Mexico, Canada and Europe, offering reasonably priced, medically supervised opportunities to try ibogaine as a method of overcoming addiction. In fact, at one new clinic in Vancouver, the treatment is free.
Iboga is the sacred essence of the religion of the Bwiti tribe of Gabon and Cameroon. Most members of the tribe ingest it just once in their lives, during an initiation ceremony in which massive amounts of the powdered bark are consumed. Through this ritual, they become a baanzi, one who has seen the other world. "Iboga brings about the visual, tactile and auditory certainty of the irrefutable existence of the beyond," wrote the French chemist Robert Goutarel, who studied the Bwiti. The iboga bark's visionary power is produced by a complicated cocktail of alkaloids that seems to affect many of the known neurotransmitters, including serotonin and dopamine. Its complex molecular key may lock into the addiction receptors in a way that resets patterns and blocks the feedback loops that reinforce dependency.
In an essay on ibogaine's anti-addictive properties, Dr Carl Anderson of McLean Hospital, Virginia, speculated that addiction is related to a disrupted relationship between the brain's two hemispheres, and that ibogaine may cause "bihemispheric reintegration". Ibogaine also accesses REM sleep in a powerful way - many people need considerably less sleep for several months after an ibogaine trip.
Six years ago, I became a member of the Bwiti. I had heard about ibogaine from an assistant in an anarchist bookstore in New York. On a magazine assignment, I went to Gabon and took iboga in an initiation ceremony. It was one of the most difficult, yet rewarding, experiences of my life. I had heard the substance described as "10 years of psychoanalysis in a single night" but, of course, I did not believe it. As the tribesmen played drums and sang around me until dawn, I lay on a concrete floor and journeyed back through the course of my life up to that point, witnessing forgotten scenes from childhood. At one point, I had a vision of a wooden statue walking across the room and sitting in front of me - later, I was told this was "the spirit of iboga" coming out to communicate with me.
My Bwiti initiation was complicated by a belligerent, greedy shaman who called himself The King and demanded more money from us before, during and after the ceremony. The King was also dissatisfied with the visions I described, and threatened to keep feeding me more iboga until I reported more impressive sights. The initiation, which lasted more than 20 hours, was ultimately liberating. At one point, I was shown my habitual overuse of alcohol and the effect it was having on my relationships, my writing and my psyche. When I returned to the US, I steadily reduced my drinking to a fraction of its previous level - an adjustment that seems to be permanent.
Recently, I tried ibogaine for a second time. I took it at the Ibogaine Association, a clinic in Rosarito, Mexico. I had been contacted by a heroin addict who had been inspired to take ibogaine after reading the book I wrote about my experiences: three months after his first treatment in Mexico, he was still clean - after a 12-year dependency. He told me, "Your book saved my life." He had given Dr Martin Polanco, the clinic's founder, a copy of my book, and he had offered me a free treatment. I was curious to see how the experience would differ away from its tribal context. My new friend wanted to take it again to reinforce the effect. We went down together.
Polanco estimates that his clinic has treated nearly 200 addicts in its first 18 months. About one third of those patients have managed to stay clean - either permanently or for a considerable period; many have returned for a second treatment. "Ibogaine needs to be much more widely available," Polanco says. "We still have a lot to learn about how to administer it, how to work with it." He does not think iboga is a cure for addiction, but is convinced it is a powerful tool for treatment - and, in some cases, it is a cure. He plans to set up several non-profit clinics. "This is something that should be non-profit," he says. "After all, it is a plant. It came up from the earth. It does give you some guidance. It shows you how you really are." He chuckles. "That can be scary."
The Ibogaine Therapy House in Vancouver, British Columbia, opened last November. "So far, we have treated 14 people quite well," says Marc Emery, the clinic's founder and head of the BC Marijuana Party. "They all say that their life has improved." Emery, nicknamed the "Prince of Pot", is funding the free clinic with proceeds from his successful hemp seed business. "Ibogaine stops the physical addiction without causing withdrawal," he says, "and it deals with the underlying psychological issues that lead to drug use."
Emery estimates that treatment for each patient at the clinic costs around $1,500 (£943), which includes two administrations of the drug. "When I found out about ibogaine, I felt that someone should be researching this, but the drug companies aren't interested because there is no commercial potential in this type of cure." Neither he nor Polanco is too concerned about ambiguous studies on ibogaine's toxicity. As the Jama article noted, "One reviewer wrote that the drug's toxicology profile was 'less than ideal', with bradycardia [an abnormally slow heartbeat] leading the list of worrisome adverse effects."
"From the masses of reports I have studied, a total of six people have died around the time they took ibogaine," says Emery. "Some were in poor health, some took other drugs at the time of their treatment. That doesn't scare me off. I have a lot of confidence in ibogaine."
At this stage, with little scientific study, the true toxicology of ibogaine is impossible to determine - the treatment is unlicensed in other countries and illegal in the US. The decision whether or not to take such a risk is entirely personal. Emery notes that his clinic screens for heart problems and other medical conditions that might contraindicate the treatment. It also gives patients small daily doses of iboga for two weeks after their initial treatment. "Iboga tends to make anything bad for you taste really crappy. If possible, we want our patients to quit cigarettes at the same time. We think that cigarettes can lead people back to other addictions."
Emery notes that nobody has so far criticised the project, and he is seeking support from local government. "Iboga tells you to change your ways or else - it goes over all of your health and personal issues. It is like the ghost of Christmas past."
Randy Hencken drove us from San Diego to the Ibogaine Association. A 25-year-old former heroin addict who had kicked the habit after two ibogaine treatments at the clinic, he was now working for the association, going to local methadone centres with flyers and keeping in contact with former patients. The first treatment costs $2,800 (£1,760), including an initial medical examination and several days' convalescence afterwards, but subsequent visits are only $600 (£377) - and it seems most addicts need at least two doses of ibogaine to avoid relapsing.
The Ibogaine Association is in a quiet, dignified house overlooking the Pacific, decorated with Buddhist statues and yarn paintings from Mexico's Huichol people. I was given a medical examination by Polanco and a test dose of the drug. Twentyminutes after ingesting the test dose, I started to feel nervous and light-headed. As I took the other pills - a gel-capped extract of the rootbark powder - I realised I was in for a serious trip.
The nurse led me back to my room. My head already spinning, I lay back on the bed as she hooked me up to an electrocardiograph and headphones playing ambient music.Why was I doing this again? Ibogaine is no pleasure trip. It not only causes violent nausea and vomiting, but many of the "visions" it induces amount to a painful parading of one's deepest faults and moral failings. I had a loud, unpleasant buzzing in my ears - the Bwiti probably pound on drums throughout the ceremony to overwhelm this noise. With my eyes closed, I watched as images began to emerge like patterns out of TV static. I saw a black man in a 1940s-looking suit. He was holding the hand of a five-year-old girl and leading her up some stairs. I understood that the girl in the vision was me and that the man represented the spirit of iboga. He was going to show me around his castle.
While startling at the time, such an encounter with a seeming "spirit of iboga" is a typical vision produced by the Bwiti sacrament. In many accounts, people describe meeting a primordial African couple in the jungle. Sometimes, the iboga spirit manifests itself as a "ball of light" that speaks to the baanzi, saying, "Do you know who I am? I am the chief of the world, I am the essential point!" Part of my trip took the form of an interview that was almost journalistic. I could ask direct questions of "Mr Iboga" and receive answers that were like emphatic, telegraphed shouts inside my head - even in my deeply stoned state, I managed to scrawl down in my notebook many of the responses.
I askedMr Iboga what iboga was. I was told simply: "Primordial wisdom teacher of humanity!"
Later, my personal faults and lazy, decadent habits were replayed for me in detail. When I asked what I should do, the answer was stern and paternal: "Get it straight now!"
This ideal of straightness, uprightness, kept returning during the trip - a meaningful image for me, as I suffer from scoliosis, a curvature of the spine. When I was shown other faults that seemed rather petty and insignificant, I tried to protest that some of these things really didn't matter. Iboga would have none of it, insisting: "Everything matters!"
Iboga told me that I had no idea of the potential significance of even the smallest actions. I reviewed some events in my life and my friends' lives that seemed bitterly unfair. Yet, in this altered state, I felt I could sense a karmic pattern behind all of them, perhaps extending back to previous incarnations. Iboga affirmed this, dictating: "God is just!"
To many readers, these insights may sound trivial. They did not feel that way at the time. They were delivered with great force and minimalist precision. While they might have been manifestations of my own mind, they seemed like the voice of an "other". Generally, I never think in such direct terms about "God", and "primordial wisdom teacher" is not my syntax.
During the night, I had numerous visions and ponderous metaphysical insights. At one point, I seemed to fly through the solar system and into the sun, where winged beings were spinning around the core at a tremendous rate. Up close, they looked like the gold-tinged angels in early Renaissance paintings. Perhaps due to my recent reading of the Austrian visionary Rudolf Steiner, this whole trip had a kind of eco-Christian flavour to it. At one point, I thought of humans as an expression of the Gaian Mind, the earth's sensory organs and self-reflective capacities, at the planet's present state of development. If we are changing quickly right now, I considered, it is only because the earth has entered an accelerated phase of transformation, forcing a fast evolution in human consciousness.
The loud buzzing sound that ibogaine produced seemed to be something like a dial tone, as if the alkaloid were in itself a device for communicating on a different frequency than the usual one. Thinking of my girlfriend and our child, I realised that I was lucky - "You are lucky!" Mr Iboga echoed. I felt tremendous, tearful gratitude that I had been given a chance to live and love, to explore and try to understand so many things.
As so often these days, I pondered on the terrible state of the world - wars and terrors and environmental ruin. I saw sheets of radioactive flame devouring cities, huge crowds reduced to cinders. I asked Mr Iboga if this was going to be the tragic fate of humanity. The answer I received was startling - and reassuring: "Everything is safe in God's hands!"
As ludicrous as it may sound, this message has stayed with me and alleviated much paranoia and anxiety. While tripping, I decided that Mr Iboga was a form of enlightened mind, like a buddha who had chosen a different form, as a plant spirit rather than human teacher, to work with humanity, imparting a cosmic message of "tough love". At one point I asked if he would consider incarnating as a person, and the answer I got was, basically, "Already did that!" - implying that, in some previous cycle, he had passed through the perilous stages of evolution we are now navigating. I also came away from this trip with the suspicion that iboga was the original inspiration for the tree of the knowledge of good and evil in the Biblical tale. The plant's placement in equatorial Africa, cradle of humanity, would support this idea, as well as its sobering moral rectitude. The "good and evil" that iboga reveals is not abstract but deeply personal, and rooted in the character of the individual.
Late in the night, I retched and vomited out bitter rootbark residue. I put on a CD of African drumming. Closing my eyes, I watched a group of smiling Bwiti women dance around a jungle bonfire. After that, the visions died down, although it was impossible to sleep until late the next night.
My friend in recovery had a less visionary experience. His faults were also paraded in front of him in repetitive loops that seemed endless. At one point, I heard him scream out, "No! No! No!" He saw a possible future for himself if he didn't kick heroin - becoming a dishwasher, sinking into dissolute old age with a bad back and a paunch. He asked what he could do to help save the world. He was told: "Clean up your room!" Meditating on his experience later, my friend quipped, "Ibogaine is God's way of saying, 'You're mine!' "

The Guardian, 

sábado, 12 de julho de 2014

Relato de quem tomou Ibogaína

Diogo Nascimento Busse, 28 anos, era usuário de drogas. Du­­rante 13 anos, a vida dele foi semelhante à de outros usuários: mesmo estudando e trabalhando normalmente, passava dias fora de casa e chegou a sofrer alguns acidentes. Tentou inúmeros tratamentos psiquiátricos, psicológicos, medicamentos e internações. Nada deu resultado. Sem saída, mas com esperança de largar a dependência, há cinco anos e meio, a curiosidade empurrou Busse para uma substância pouco conhecida no Brasil: a ibogaína.

Substância extraída da raiz da iboga, arbusto encontrado em países africanos, a ibogaína é usada para fins terapêuticos no país há mais de dez anos. Nesse período, centenas de usuários de drogas usaram o medicamento, Diogo foi um deles. Há cinco anos e meio livre do crack, o advogado e professor universitário conta como foi a experiência. “Foi um renascimento. Foi uma viagem espiritual, de autoconhecimento, expandiu meus horizontes. É inexplicável. Hoje eu analiso o passado e não tenho lembranças positivas daquele tempo”, diz.
A ibogaína produz uma grande quantidade do hormônio GDNF, que estimula a criação de conexões neuronais, o que ajuda o paciente a perder a vontade de usar drogas. A ibogaína também produz serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer.
As imagens que as pessoas enxergam enquanto estão sob o efeito da Ibogaína são sonhos. “Não se trata de alucinações, a ibogaína não é alucinógena. É como sonhar de olhos abertos, só que durante muito tempo. Durante o sono temos apenas cinco minutos de sonhos a cada duas horas. Com a ibogaína são 12 horas”.
Não é um milagre
Mesmo que os resultados sejam animadores – a taxa de recaída entre os usuários da ibogaína gira em torno de 15%, enquanto nos tratamentos convencionais varia entre 80% e 95% – a substância não é um milagre e nem faz tudo sozinha. Os pacientes devem passar por três fases. “Avaliação clínica e psíquica do paciente. Existe uma fase de desintoxicação. São necessários alguns dias de abstinência para o paciente ir para a ibogaína. Depois que ele toma, começa uma fase que consiste na reorganização e readaptação, com terapia individual e de grupo”.
Ex-usuários de drogas que recorreram à ibogaína foram unânimes em afirmar que, depois de tomar a substância, nunca mais tiveram vontade de se drogar. “Eu nunca mais tive vontade. Aquela fissura desapareceu. A droga é apenas uma lembrança, nada mais que isso”, diz um paciente que não quis se identificar. A recaída só é possível se o paciente mantiver os mesmos hábitos. “Se ele frequentar os mesmos lugares, conviver com os mesmos amigos, achar que está imune”.
Fonte: Gazeta do Povo

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ibogaína pode curar vícios

Vivemos numa sociedade onde os interesses pessoais se sobrepõem ao coletivo. Isso fica notório quando o governo mesmo sabendo que 200.000 pessoas morrem anualmente pelo uso de drogas se dispõe a aprovar lei que impede a detenção de quem seja pego com grandes quantidades de drogas, afinal de que lado eles estão?
Sem falar ainda que quando se fala de vícios que mata fazem a população acreditarem que o problema se resume ao tabaco e as drogas. Por que ninguém fala do álcool que mata em nosso pais 2,5 milhões de pessoas?
Por que nos meios de comunicação não se fala do poder de cura da Ibogaína? Por que as autoridades não disponibilizam Ibogaína para os que dela necessita?
E você sabe o que e Ibogaína?
Para quem não sabe, Ibogaína e uma substância extraída da planta Tabernanthe iboga, originaria do Gabão, e uma planta utilizada nos rituais da religião Bwiti, religião e rituais estes existentes desde a pré-historia. Em 1962 Howard Lotsof, na época dependente de heroína, descobriu que uma única dose de Ibogaína foi suficiente para curar a dependência sua e de alguns amigos. Em 1983 Lostsof reportou as propriedades anti-adictiva da ibogaína e em 1985 obteve quatro patentes nos EUA para o tratamento de dependências de ópio, cocaína, anfetamina, etanol e nicotina. Fundou o International Coalition for Addicts Self Help e desenvolveu o método Endabuse, uma famacoterapia experimental que faz uso da ibogaína HCl, a forma solúvel da ibogaína. A partir daí surgiu com força uma rede internacional de provedores de tratamentos para dependência em todo o mundo, alguns oficiais, outros não. Desde essa época ate hoje cerca de 10.000 pessoas já fizeram o uso da substância, com resultados, em sua maioria, muito bons. Realmente os efeitos são surpreendentes. 
Como tudo que é diferente, e como tudo que é inovador, existem também em relação a Ibogaína controvérsias e dúvidas, que têm origem na desinformação e no preconceito, e algumas vezes também em interesses econômicos. 
O Brasil e um dos pioneiros nesse tratamento e os profissionais envolvidos, apesar de pouco conhecidos aqui, têm reconhecimento internacional.
Ela e empregada no tratamento da DEPRESSÃO, tem potencial para o tratamento do TDAH (Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade) em adultos e doenças degenerativas do sistema nervoso central.
A ibogaína tem denominação química e 12-metoxibogamina. Pesquisas feitas em humanos e animais indicam que a erva age em dois sentidos, por um lado ela age na química cerebral, estimulando a produção da proteína GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais.
Isso permite que áreas do cérebro relacionadas com a dependência sejam reparadas e assim estimula a produção de neurotransmissores responsáveis pela produção do prazer; a serotonina e a dopamina. São essas substancias que podem explicar o desaparecimento da fissura pela droga relatada por dependentes logo após uma sessão.
Estudos preliminares também mostram que a ibogaína pode ajudar no tratamento do alcoolismo. Durante a pesquisa, ratos e camundongos foram induzidos ao consumo de álcool em doses diárias ate habituarem-se a bebida. Os testes com Ibogaína demonstraram uma queda efetiva no consumo de álcool pelos roedores, diretamente relacionado ao aumento da produção de uma proteína pelo cérebro, o GDNF.
De acordo com o italiano Antonio Bianchi, médico e toxicólogo em produtos naturais, a ibogaína "age sobre uma quantidade de receptores neuronais. Sua característica fundamental e a sua ação sobre a NMDA (N-metil-D-aspartate). Estes receptores estão presentes, sobretudo em duas áreas: o HIPOCAMPO, que controla a memória e as recordações, e a SENSIBILIDADE PROPRIOCEPTIVA, parte responsável pela sensação que temos do nosso corpo físico." Se estes receptores são bloqueados, a pessoa constrói uma imagem do "eu" que não esta relacionada com o eu físico, ou seja, está fora do corpo. Este seria o mecanismo neurofisiológico da "viagem astral", o ponto de encontro entre a teoria nativa e a científica. Nestas condições, o homem tende a construir aquilo que e definido como uma bird eye image, ou seja, o sujeito assume uma projeção de si mesmo a partir de uma posição do alto>>, afirma o médico.
Uma vez que a ibogaína chega ao fígado, torna mais fácil sua ação de distribuição e melhor atuação celular. Vários fatores simples podem evitar que baixe a ação da ibogaína no corpo. Isso pelo fato de que quanto menos ela tiver que "brigar" com outras enzimas para diminuir sua ação, maior sera o resultado de sua atuação no organismo.
Ela produz efeito terapêutico acumulativo no tecido adiposo que é liberada lentamente no organismo. O efeito da substância pode ser sentido por vários dias.
A taxa média de eficácia da Ibogaína para tratamento da dependência de crack é de 80%, que é altíssima, principalmente se lembrarmos de que, além de ser uma doença gravíssima, as taxas de sucesso dos tratamentos tradicionais é de 5%. O fato é que a Ibogaína é hoje, de longe, o tratamento mais eficaz contra a dependência. Feito com os cuidados necessários, é seguro, eficaz, e não existem relatos de sequelas, nem físicas, nem psicológicas.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Visão Original


Desde tempos imemoriais, as culturas indígenas têm utilizado plantas medicinais em cerimônias de cura física e espiritual, algumas destinadas a efetuar a abertura da mente para aumentar a capacidade de percepção e concentração mental, assim fazendo expandir a consciência dando oportunidade ao individuo de avaliar a vida e sua grandeza por uma perspectiva mais clara.
Desde as suas origens africanas a Ibogaína é uma destas plantas usada como uma ferramenta para fins espirituais nas práticas cerimoniais e como um complemento eficaz em tratamentos patológicos variados.
Hoje a ibogaína é no mundo ocidental uma poderosa ferramenta para a psicoterapia, ela vem sendo ministrada pelas terapias para o tratamento de depressão, ansiedade, stress pós-traumático, dependências, fobias, impotência masculina, esterilidade feminina, como estimulante, afrodisíaco e outras questões.
Usado em um contexto de intenção terapêutica específica, a ibogaína proporciona uma revitalização da saúde em níveis bio-psicoespirituais.
Ibogaína facilita  insights sobre os níveis mais profundos da psique e pode incitar uma tomada de consciência dos processos inconscientes ou subconscientes que podem estar bloqueando o desenvolvimento da pessoa. Esta conscientização pode levar a uma compreensão mais ampla de si mesmo e da vida, também um aumento da capacidade de compreensão, inspiração e um significativo crescimento pessoal.


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Desintoxicar Corpos e Mentes

Explicações sobre a realização do tratamento com ibogaína, um método inovador que atrelado ás terapias corretas e um protocolo funcional, garante o sucesso em 90% dos casos.

O tratamento com Ibogaína proporciona aos indivíduos uma oportunidade de naturalmente desintoxicar seus corpos e mentes. 

Ibogaína para a desintoxicação por abuso de substância tem sido bem sucedida no tratamento de indivíduos de uma série de vícios diferentes, tais como álcool, cocaína, heroína, crack, medicamentos opiáceos e produtos farmacêuticos. 

A inovação do programa de tratamento com Ibogaína na desintoxicação é o catalisador para a criação de uma recuperação bem sucedida, o que é possível por evitar os sintomas de abstinência agudos e restaurar a neuroquímica do cérebro ao seu estado operacional adequado. 

O tratamento com Ibogaína funciona para corrigir as vias de absorção de dopamina nos centros de prazer do cérebro, revertendo os desequilíbrios que levam à dependência de drogas.

Além disso, o tratamento foca no trabalho de curar as causas do seu vício, através da terapia para lidar com as escolhas traumáticas e estilo de vida. Como acontece? Imediatamente após o tratamento com ibogaína nenhum mal estar associado a abstinência é sentido, e o mais importantes, nenhuma fissura.

Ibogaína vem sendo utilizada na recuperação de dependentes químicos á algumas décadas, em diversos continentes essa terapia vem se mostrando eficaz e existem várias modos de serem aplicadas. 

O tratamento é feito de várias formas ao redor do globo, uns preferem um tratamento rápido, tendo muitas vezes duração de 7 dias, com apenas uma aplicação, outros tem 30 dias de duração de forma que técnicas terapêuticas são incorporadas ao tratamento. 

Abaixo segue os contatos de uma clínica que trabalha com ambas as formas. Onde o tratamento é realizado entre 7 e 30 dias.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Tratamento de Dependência Química

Em meio a tantas plantas que dão origem as drogas como por exemplo a folha da coca (cocaína e crack) , cannabis (maconha),cana-de-açúcar (álcool), surge agora no Brasil um tratamento eficaz a base da Planta Medicinal Africana que tem o poder de anular os efeitos físicos e psicoativos dessas outras plantas citadas( fissuras , agressividade, hiperatividade, irritabilidade, vícios).
Trata-se de um alcalóide indólico enteogênico capaz de antagonizar e anular a ação de uma série de alcalóides ou compostos orgânicos nitrogenados de intensa bioatividade sobre o cérebro, como a cocaína, crack, álcool, heroína e morfina, dentre outros.
Obtida de um arbusto da família Apocynaceae, de origem africana , nas regiões do Congo e do Gabão entre os pigmeus e alguns povos bantos, que possivelmente assimilaram essa prática pelo contato com esses misteriosos povos da floresta que são os pigmeus, se praticam rituais com preparados dessa planta denominado, entre as tribos Apindji e Mitsogho, como Buiti. Outros grupos e etnias do Gabão também o utilizam possivelmente a partir desse contato cultural.

Possivelmente sob influência das notícias de cura, transformações psicológicas associada à conversão religiosa e participações de estrangeiros, o mundo ocidental tem despertado interesse sobre essa planta e esse ritual.
Preparados com essa planta vem sendo utilizado, com sucesso, em sessões terapêuticas cujo objetivo é alcançar a cura completa da drogadição. Um dos primeiros pesquisadores a estudar os potenciais efeitos da Planta psicoterápica, foi o psiquiatra chileno Claudio Naranjo, na década de 1960 e segundo Freedlander, 2003 o uso da planta para o tratamento da dependência de drogas tem sido baseada em relatos da International Coalition of Addict Self-Help (ICASH) e DASH (Dutch Addict Self-Help Group) de pesquisas realizadas com voluntários desde os anos 80.

O tratamento da dependência química é complexo e difícil. Exige um enorme esforço por parte do dependente químico e da sua família. Como as opções públicas de tratamento da dependência química são lamentáveis, quase sempre é preciso pagar por internações em clínicas especializadas e não raro todo o tratamento pode custar mais de R$ 20.000,00, incluindo remédios, internações, etc… De vez em quando “novas” descobertas no tratamento da dependência química prometem revolucionar a forma como isso é feito. A Planta Africana é uma dessas esperanças, uma planta de cuja casca da raiz pode ser obtido o principio ativo responsável pelo tratamento. A Planta Africana é um arbusto com uma raiz subterrânea que chega a atingir 1,50m de altura e é composto de várias espécies. A que mais tem interessado no tratamento da dependência química é essa Planta Africana, encontrada nos Camarões, Gabão, República Central Africana, Congo. Em 1962, Howard Lotsof, um jovem dependente químico de heroína, acabou descobrindo, por acaso, a Planta na África, relatou que perdeu o desejo de consumir heroína por completo. Em 1983, Lostsof relatou as propriedades antiaditivas da Planta e em 1985 obteve quatro patentes nos EUA para o tratamento de dependências de ópio, cocaína,crack, anfetamina, álcool.

Através da administração de uma única dose, cujo efeito dura dois dias, haveria uma atenuação severa dos sintomas de abstinência e uma perda do desejo de consumir drogas por um período mais ou menos longo de tempo. O número de tratamento de dependentes químicos com a Planta Africana está crescendo tanto que vem provocando escassez da planta que ainda é produzida de maneira artesanal. A Planta Africana age em dois sentidos, por um lado ela age na química cerebral, estimulando a produção da proteínao GDNF, que promove a regeneração do tecido nervoso e estimula a criação de conexões neuronais. Isso permitiria que áreas do cérebro relacionadas com a dependência fossem reparadas e estimularia a produção de neurotransmissores responsáveis pela produção do prazer, a serotonina e a dopamina. São essas substâncias que podem explicar o desaparecimento da fissura pela droga relatados por dependentes logo após saída de uma sessão.

Conheço uma clínica que já tratou cerca de 300 casos de dependência química usando a Ibogaína no último ano. 


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Tabernanthe iboga


Trata-se de um arbusto com uma raiz subterrânea que chega a atingir 1,50m de altura, pertencente ao gênero Tabernanthe, composto por várias espécies. A que mais tem interessado a medicina ocidental é a Tabernanthe iboga, encontrada nos Camarões, Gabão, República Central Africana, Congo, República Democrática do Congo, Angola e Guiné Equatorial. Seu principal alcalóide é a ibogaína, extraída da casca da raiz. Algumas espécies animais, entre as quais os mandris e os javalis, alimentam-se das raízes da iboga para conseguir efeitos entorpecentes. Imagina-se que os pigmeus descobriram a eboka (iboga) observando o comportamento desses animais. Até hoje, estas populações utilizam a iboga em seus ritos.

Em 1901, a ibogaína foi isolada pela primeira vez. Há notícia de que ela teria sido usada no Ocidente desde o início do século XX, no tratamento de gripe, neurastenia, doenças infecciosas e relacionadas ao sono. Em 1962, Howard Lotsof, um jovem dependente de heroína, acabou descobrindo, por acaso, a iboga na África. Após uma viagem astral de 36 horas, relatou que perdeu o desejo de consumir heroína por completo. Em 1983, Lostsof relatou as propriedades antiaditivas da ibogaína e em 1985 obteve quatro patentes nos EUA para o tratamento de dependências de ópio, cocaína, anfetamina, etanol e nicotina. Fundou o International Coalition for Addicts Self Help e desenvolveu o método Endabuse, uma farmacoterapia experimental que faz uso da ibogaíne HCl, a forma solúvel da ibogaína. Através da administração de uma única dose, cujo efeito dura dois dias, haveria uma atenuação severa dos sintomas de abstinência e uma perda do desejo de consumir drogas por um período mais ou menos longo de tempo.


Atualmente, a iboga é utilizada por curandeiros tradicionais dos países da bacia do Congo e na religião do Buiti na Guiné Equatorial, Camarões e, sobretudo, no Gabão, onde membros importantes das hierarquias políticas do país são adeptos do culto. Aproveita-se principalmente a casca da raiz, mas também se atribuem propriedades medicinais às folhas, à casca do tronco e à raiz. No Gabão, a raiz e a casca da raiz são encontradas facilmente nas farmácias tradicionais e nos mercados das principais cidades. A iboga pode ser utilizada sozinha ou em combinação com outras plantas - uma parte desse conhecimento permanece secreto. Segundo depoimentos que colhi nos Camarões em 2001, ela é empregada no tratamento da depressão, da picada de cobra, da impotência masculina, da esterilidade feminina, da AIDS e também como estimulante e afrodisíaco. De acordo com as crenças locais, seria eficaz, ainda, sobre as doenças místicas, como é o caso da possessão.

Os tratamentos com ibogaína não são autorizados nos Estados Unidos, Reino Unido, França ou Suíça. Mesmo assim, têm sido adotados clandestinamente. No Panamá, a instituição liderada por Lotsof cobra 15 mil dólares; na Itália, o custo é de 2.500 dólares, e, nos EUA, o tratamento varia entre 500 e 2.500 dólares. Em Israel, a iboga está sendo pesquisada para uso no tratamento da síndrome de pós-guerra que afeta os soldados. De acordo com o médico italiano Antonio Bianchi, a ibogaína age sobre uma enorme quantidade de receptores neuronais. Sua característica fundamental é sua ação sobre a NMDA (N-metil-D-aspartate). Esses receptores estão presentes, sobretudo, em duas áreas: o hipocampo, que controla a memória e as recordações, e a sensibilidade proprioceptiva, parte responsável pela sensação que temos do nosso corpo físico. Se esses receptores forem bloqueados, a pessoa construirá uma imagem do "eu" que não está relacionada com o eu físico, ou seja, sentir-se-á fora do corpo. Este seria o mecanismo neurofisiológico da viagem astral, o ponto de encontro entre as concepções religiosas e as científicas. Nessas condições, o homem tende a construir aquilo que é definido como uma bird-eye image, assumindo uma projeção de si mesmo a partir de uma posição do auto - experiência também recorrente nos relatos da ayahuasca.


domingo, 6 de julho de 2014

Sobre esta planta, vale a pena ler!

Sobre esta planta, vale a pena ler um trecho do artigo de uma Antropóloga - Unicamp, Brasil:

As plantas psicoativas têm sido utilizadas há 50 mil anos pela humanidade, em diferentes culturas e épocas, sendo objeto de culto e reverência ou de demonização. A paixão que despertam revela-se, em primeiro lugar, pela própria maneira de nomeá-las. Alguns pesquisadores têm criticado o termo científico alucinógeno, por sugerir uma percepção falsa e ilusória da realidade. Uma opção adotada tem sido enteógeno, originário do grego antigo, com o significado de "Deus dentro" ou "o que leva o divino para dentro de si". Outra, mais ligada à contracultura, é psicodélico"aquilo que revela o espírito ou alma". Alguns preferem utilizar termos nativos, como é o caso de plantas professoras, expressão característica do vegetalismo peruano, ou adotar denominações que sublinhem as dimensões neurofarmacológicas comuns às várias substâncias, como a proposta por Michael Winkelman,plantas psicointegradoras, aquelas que "integram os hemisférios direito e esquerdo do cérebro".

As diversas populações que fazem uso dessas substâncias consideram, em geral, que elas são habitadas por um espírito, uma "mãe", um "dono" - com o qual podemos nos comunicar e aprender. Elas seriam, portanto, um espírito-planta. Um traço comum aos variados contextos é a crença de que, por meio dessas substâncias, é possível estabelecer contato com o mundo espiritual, com os seres divinos, e transcender as fronteiras da morte.

Historicamente, o uso de tais psicoativos tem sido associado ao reforço da identidade étnica, à promoção da coesão social, à transmissão de valores culturais, à produção artística, à morte simbólica do ego, ao autoconhecimento, à resolução de conflitos sociais, à guerra, à feitiçaria, à caça, ao poder político e cósmico, à metamorfose em animais e à divinação, entre outros. Uma das dimensões centrais das plantas de poder é a sua conexão estreita com os sistemas de cura, seja através da figura do xamã, seja através das religiões institucionalizadas. A cura propiciaria uma conexão holística entre processos mentais, emocionais e espirituais - mesmo porque, em alguns dos contextos onde estas substâncias são consumidas, tais esferas são consideradas inseparáveis.

A ciência norte-americana dos anos 50 e 60 desenvolveu diversas pesquisas e experimentações sobre as virtudes médicas e terapêuticas dos psicoativos, sobretudo antes da proibição legal do LSD nos EUA, em 1966. Entretanto, o tema permanece ainda pouco estudado, além de fortemente estigmatizado. Os assim chamados estados alterados de consciência não são provocados apenas por substâncias químicas. Eles também podem ser produzidos por estímulos auditivos, jejuns nutricionais, isolamento social e deprivação sensorial, meditação, estados de sono, abstinência sexual, comportamento motor intensivo, opiáceos endógenos e estados mentais resultantes de alterações na neurofisiologia ou química corporal.


Uso de substâncias psicodélicas

Ao longo dos anos, muitos estudos ficaram estacionados devido à falta de informação, conhecimento e criminalização. Já foi constatado que o ...