sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Psicoterapia Psicodélica de volta à Tecnologia do Sagrado

Abordar a ampla e cosmológica questão dos psicodélicos e da terapia psicodélica e psicolítica nos remete ao insight de profunda sabedoria oriundo de Carl Gustav Jung, quando disse que “na base do inconsciente reside o próprio Universo”. Então, nesta primeira leitura da suprema importância das substâncias psicoativas derivadas de nossa própria história pregressa, que remonta à Noite dos Tempos, a melhor fonte é a Psicologia Transpessoal e seu gênio criador, ou no mínimo organizador, Dr. Stanislav Grof, psiquiatra tcheco da Universidade de Praga, radicado nos EUA, constelador da mais profunda Cartografia da Psique e Arquitetura da Psicopatologia mais conhecidas e inovadoras até os dias de hoje. Então, deixo ao crivo psico-analítico de cada um (difere de psicanalítico) um excerto de suas obras primas a respeito do psiquismo humano e suas mais profundas vertentes. Certamente, este será o primeiro de uma série de artigos sobre as profundezas oceânicas da psique e suas inusitadas instâncias!

Os Psicodélicos na Auto-Exploração e na Psicoterapia

O uso de substâncias psicodélicas para cura, adivinhação e comunicação tanto com os domínios celestes quanto com os níveis ctônicos pode ser encontrado desde a aurora da história humana. Desde tempos imemoriais foram utilizadas substâncias vegetais, e em casos mais raros, substâncias animais que continham alcalóides poderosos para alteração dos estados mentais com objetivos rituais e mágicos. Isto ocorreu tanto em culturas aborígenes quanto em culturas bastante desenvolvidas, em diversa partes do mundo.

Plantas e Substâncias Psicodélicas Na história da medicina chinesa há relatos a respeito de substâncias psicodélicas que podem ser encontrados já há 3.500 anos. A legendária planta poção chamada de divina haoma, na antiga Pérsia do Zend Avesta, e o soma, na antiga literatura indiana, tem interesse histórico especial. Elas foram introduzidas na Índia por invasores arianos nômades, e tiveram uma profunda influência no desenvolvimento da religião e pensamento filosófico hindus. Cento e vinte versos do Rig Veda são dedicados ao soma e exaltam os efeitos extraordinários que esta poção divina tinha em seus adoradores. Aqueles que a bebiam eram inundados por um arrebatamento extático em que "metade deles estava na terra, e a outra metade nos céus". Seus corpos eram fortalecidos, seus corações ficavam cheios de coragem, alegria e entusiasmo, suas mentes eram iluminadas e recebiam a convicção de sua imortalidade. Outra planta comum e muito difundida, com propriedades psicodélicas, que foi usada com objetivos sagrados e recreativos é o cânhamo. As folhas, botões e resina de suas variedades, tais como Cannabis sativa e Cannabis indica, têm sido fumadas e ingeridas sob diversos nomes - haxixe, kif, charas, bhang, ganja, marijuana - no Oriente Médio, África, China, Tibete, América do Norte, América do Sul e no Caribe por prazer, cura e propósitos espirituais. O cânhamo serviu como um sacramento importante para grupos tão diversos quanto as tribos aborígenes africanas, brâmanes indianos, budistas tibetanos tântricos, algumas ordens sufi, citas antigos, e os jamaicanos rastafáris. A farmacopéia psicodélica foi particularmente rica na América Central, onde diversas culturas pré-colombianas (astecas, toltecas, maias) e grupos índios contemporâneos (huichol, yaquis, mazatecas) usaram pelo menos dezesseis plantas diferentes com propriedades distintas de alteração da mente. As plantas mais famosas entre estas são o cacto peiote (Lophophora wílliamsií), os cogumelos sagrados teonanacatl ou "carne dos deuses" (Psilocybe mexicana e cubensis), e ololiuqui, que é o nome nativo das sementes de glória matutina (Turbina corymbosa). continua hoje, particularmente entre os índios Huichol, Yaqui, Cora e Tarahumara no México. Depois da guerra civil americana, a religião do peiote passou para o norte, a partir da área do Rio Grande até os Estados Unidos, e foi assimilada por mais de cinqüenta tribos americanas nativas. De acordo com algumas estimativas, mais da metade dos índios americanos (250 mil) pertencem no momento à Igreja Nativa Americana, uma religião sincretista que combina o culto do peiote com elementos cristãos. O uso cerimonial dos cogumelos Psilocybe entre os índios Mazatec mexicanos tornou-se conhecido em todo o mundo depois que a famosa curandera Maria Sabina revelou o segredo deles ao banqueiro e estudioso de cogumelos americano Gordon Wasson e à sua esposa. O psicodélico sul-americano mais famoso é ayahuasca ou yagé, preparado a partir da casca da árvore da floresta liana Banisteriopsis caapi, e é conhecido no Brasil, Peru, Equador e Colômbia sob muitos nomes nativos como Videira da Morte, Videira das Almas, e Videira Cipó da Morte (soga de muerte). Ela é ministrada em dramáticos rituais de puberdade que envolvem flagelação intensa, e é também famoso por seus poderosos efeitos purgativos, curativos, visionários e telepáticos. Os psicodélicos sul-americanos mais populares, ingeridos por aspiração, são cohoba, feito da seiva da Virola theiodora ou Virola cuspidata, e epená, da Virola calophylla e Virola theiodora. Os pós de Virola são usados por muitos grupos indígenas nas regiões amazônicas da Venezuela, Colômbia e Brasil para comunicação com o mundo dos espíritos, diagnóstico e tratamento de doenças, profecia, adivinhação e outros objetivos mágico-religiosos. O cacto de São Pedro (Trichocerus pachanoi) tem efeitos semelhantes aos do peiote, com que compartilha o alcalóide ativo mescalina. Ele tem sido usado por xamãs dos Andes equatorianos, por mais de três milênios, para adivinhação e cura.

O uso cerimonial do peiote continua hoje, particularmente entre os índios Huichol, Yaqui, Cora e Tarahumara no México. Depois da guerra civil americana, a religião do peiote passou para o norte, a partir da área do Rio Grande até os Estados Unidos, e foi assimilada por mais de cinqüenta tribos americanas nativas. De acordo com algumas estimativas, mais da metade dos índios americanos (250 mil) pertencem no momento à Igreja Nativa Americana, uma religião sincretista que combina o culto do peiote com elementos cristãos. O uso cerimonial dos cogumelos Psilocybe entre os índios Mazatec mexicanos tornou-se conhecido em todo o mundo depois que a famosa curandera Maria Sabina revelou o segredo deles ao banqueiro e estudioso de cogumelos americano Gordon Wasson e à sua esposa. O psicodélico sul-americano mais famoso é ayahuasca ou yagé, preparado a partir da casca da árvore da floresta liana Banisteriopsis caapi, e é conhecido no Brasil, Peru, Equador e Colômbia sob muitos nomes nativos como Videira da Morte, Videira das Almas, e Videira Cipó da Morte (soga de muerte). Ela é ministrada em dramáticos rituais de puberdade que envolvem flagelação intensa, e é também famoso por seus poderosos efeitos purgativos, curativos, visionários e telepáticos. Os psicodélicos sul-americanos mais populares, ingeridos por aspiração, são cohoba, feito da seiva da Virola theiodora ou Virola cuspidata, e epená, da Virola calophylla e Virola theiodora. Os pós de Virola são usados por muitos grupos indígenas nas regiões amazônicas da Venezuela, Colômbia e Brasil para comunicação com o mundo dos espíritos, diagnóstico e tratamento de doenças, profecia, adivinhação e outros objetivos mágico-religiosos. O cacto de São Pedro (Trichocerus pachanoi) tem efeitos semelhantes aos do peiote, com que compartilha o alcalóide ativo mescalina. Ele tem sido usado por xamãs dos Andes equatorianos, por mais de três milênios, para adivinhação e cura.

A longa história do uso ritual de substâncias psicodélicas contrasta agudamente com o período relativamente curto de interesse científico por esses materiais e de sua investigação sistemática, clínica e de laboratório. Louis Lewin, freqüentemente citado como o pai da moderna psicofarmacologia, coletou espécimes de peiote, levou-os para a Alemanha, e isolou diversos de seus alcalóides. Em 1897, seu colega e rival, Arthur Heffter, conseguiu a identificação química do princípio psicoativo do peiote, e o chamou mezcaline (mescalina). Os primeiros experimentos pioneirq~ com peiote foram realizados por Weir Mitchell, Havelock Ellis e Heinrich Kluever. Esta pesquisa culminou em 1927 com a publicação do livro Der Mezkalinrausch (A intoxicação por mescalina) de Kurt Beringer (Beringer, 1927). Muito pouca pesquisa psicodélica foi feita nos anos seguintes até o início da década de 1940. Aera dourada da história dos psicodélicos começou em abril de 1942 quando o químico suíço Albert Hofmann fez sua descoberta casual das extraordinárias propriedades psicoativas de minúsculas dosagens da dietilamida do ácido lisérgico (LSD-25).O novo derivado semi-sintético de ergotina, ativo em quantidades incrivelmente diminutas de milionésimos de grama (microgramas ou gramas), tornou-se, do dia para a noite, uma sensação científica. A pesquisa inspirada pela descoberta de Hofmann não ficou limitada ao LSD;levou ao renascimento do interesse pelas plantas e substâncias psicodélicas já conhecidas, e a uma avalanche de novos conhecimentos a seu respeito. Os segredos e mistérios do mundo psicodélico submeteram-se, uns após os outros, aos esforços sistemáticos da moderna pesquisa científica. Os princípios ativos das mais famosas plantas psicodélicas foram identificados quimicamente e preparados em sua forma pura nos laboratórios. O próprio Albert Hofmann desenvolveu um profundo interesse pela química das plantas psicodélicas após sua intoxicação acidental inicial com LSD-25,e planejou um autoexperimento subseqüente com esta substância. Ele conseguiu resolver o mistério dos cogumelos mexicanos sagrados, ao isolar seus alcalóides ativos, psilocibina e psilocina. Ele foi também capaz de ligar a atividade das sementes de glória matutina ao seu conteúdo de aminoácido d-lisérgico e derivados da ergotina, antes que seu trabalho científico nesta área fosse suspenso pelas medidas políticas e administrativas causadas pela existência do mercado negro psicodélico e da auto-experimentação não supervisionada e em massa realizada pelos jovens. O principal componente ativo da ayahuasca ou yagé é o alcalóide harmalina, também chamado banisterina, yageína ou telepatina. Embora sua estrutura química seja conhecida desde 1919, a moderna pesquisa química e farmacológica descobriu alguns novos dados importantes. É de particular interesse o fato de que a harmalina tem forte semelhança com substâncias que podem ser obtidas da glândula pineal, como a 10-metéxi-harmalina. Isto dá base para algumas especulações fascinantes, pois as tradições místicas atribuem grande significado à glândula pineal em relação à "abertura do terceiro olho", "estados 256 visionários", e capacidades parapsicológicas. Alcalóides derivados da harmalina foram encontrados também nos pós de cohoba e epená e na arruda síria (Peganun harmala). A ibogaína, o alcalóide psicoativo mais importante na planta africana eboga (Tabemanthe iboga), foi isolada em 1901, mas a compreensão de sua estrutura química só foi completada no final da década de 1960. Depois de muitas dificuldades, os químicos modernos também decifraram os segredos químicos do haxixe e da maconha, ao ligar seus efeitos típicos a um grupo de tetrahidrocanabinóis (THc). Uma contribuição teórica importante à compreensão de diversos materiais psicodélicos de origem vegetal e animal foi a pesquisa de derivados psicoativos da triptamina, iniciada em Budapeste, Hungria, por Bbszbrmbnyi e Szara. Dimetiltriptamina (DMT),dietiltriptamina (DET), dispropiltriptamina (DPT)e outros compostos semelhantes estão entre os responsáveis pelas propriedades de alteração da mente dos pós sul-americanos cohoba, epená e paricá, e contribuem para a eficácia das misturas de ayahuasca. No reino animal, como mencionei anteriormente, eles são os princípios ativos na pele de sapo e em suas secreções, e na carne do "peixe dos sonhos" do Pacífico (Kyphosusfuscus). O interesse teórico dos derivados da triptamina está no fato de que eles ocorrem naturalmente no organismo humano, são derivados do importante aminoácido triptofano, e estão relacionados quimicamente com os neurotransmissores. Por essas razões, eles são os candidatos lógicos para serem as substâncias endógenas psicotomiméticas que poderiam ser produzidas pelos processos metabólicos no corpo, e que têm sido freqüentemente discutidas no contexto das teorias bioquímicas das psicoses. Entre os derivados da triptamina que ocorrem naturalmente encontram-se também os alcalóides ativos dos cogumelos sagrados mexicanos psilocibina e psilocina, já mencionados. A moderna pesquisa química tem, portanto, resolvido os problemas da maioria das substâncias psicodélicas que têm tido papéis importantes na história da humanidade. Apenas o védico soma permanece um mistério, tanto botânica quanto quimicamente. Além da teoria de Wasson que o liga àAmanita muscaria, há outras relacionando-o à arruda síria (Peganun harmala), ao pinheiro chinês (Ephedra sinica), e a outras plantas. É lamentável que os esforços entusiásticos de antropólogos, botânicos, farmacologistas, químicos, psiquiatras e psicólogos, que caracterizam a pesquisa psicodélica das décadas de 1950 e 60, tenham sido impedidos tão drasticamente antes que alguns dos segredos remanescentes do mundo psicodélico pudessem abrir-se à curiosidade científica. A recente controvérsia amplamente divulgada a respeito da metilenodióxi- metanfetamina (MDMA),conhecida popularmente como XTC,ecstasy ou ADAM, atraiu a atenção dos profissionais de saúde mental bem como do público leigo, para um grande grupo de substâncias psicoativas que têm uma estrutura molecular semelhante à mescalina, à dopamina e às anfetaminas. A maioria dessas substâncias, que tem interesse para a psiquiatria, é semi-sintética. Elas não ocorrem como tal na natureza, mas seus precursores químicos são óleos voláteis encontrados na noz-moscada, no açafrão, no sassafrás, e em outras plantas e produtos botânicos. Os mais conhecidos desses psicodélicos relacionados à anfetamina são MDA(3,4-metileno-dioxianfetamina), MMDA(3-metoxi-4,5metileno- dioxianfetamina), MDMA(3,4-metileno-dioximetanfetamina), DOMou STP(2,5-dimetóxi-4-metilanfetamina), TMA(3,4,5-trimetóxi-metil-anfetamina) e 2-CB(4-bromo-2,5-dimetóxi-fenetilamina).

Terapia psicodélica - O termo psicodélico foi sugerido pelo psiquiatra e pesquisador do LSD Humphrey Osmond, e foi inspirado por sua correspondência com Aldous Huxley. Ele significa literalmente manifestação da mente (derivado do grego psyche e delein = tornar manifesto). A terapia psicodélica difere em diversos aspectos importantes da abordagem psicolítica. Seu principal objetivo é criar condições ótimas para que o indivíduo tenha uma experiência profunda e transformadora de natureza transcendental. Para a maioria das pessoas isto toma a forma de experiência da morte do ego e renascimento, com sentimentos subseqüentes de unidade cósmica e outros tipos de fenômenos transpessoais. Entre os fatores que facilitam tal experiência estão uma preparação especial, uso de dosagens mais elevadas de psicodélicos, internalização do processo pelo uso de vendas nos olhos, música estereofônica de alta fidelidade durante a sessão e ênfase em espiritualidade, arte e beleza natural no local e no contexto da sessão. A troca verbal é limitada aos períodos anterior e posterior às sessões com drogas; durante as experiências psicodélicas, a fala é desestimulada, pois interfere com a profundidade da auto-exploração emocional e psicossomática. Os terapeutas psicodélicos não acreditam em interpretações verbais brilhantes e oportunas ou em outras intervenções que reflitam o sistema de crenças de uma escola particular. Eles encorajam o cliente a abandonar as defesas usuais e a render- se ao potencial curativo espontâneo da dinâmica mais profunda da psique. A maior parte dos psiquiatras e psicólogos que realizou pesquisa clínica com psicodélicos precipitou-se claramente em direção a uma das modalidades de tratamento, psicolítico ou psicodélico. Em minha opinião, ambas as abordagens, praticadas em forma pura, têm desvantagens distintas. Na terapia psicolítica, as desvantagens estão na limitação teórica ao quadro de referência conceitual biográfico da psicanálise freudiana, na falta de reconhecimento das dimensões perinatal e transpessoal da psique e na externalização do processo com uso excessivo de artifícios verbais. Na terapia psicodélica, ao contrário, não se dá suficiente atenção ao material biográfico quando ele emerge nas sessões e se espera demais de uma única experiência transformadora. Para conseguir mudanças terapêuticas significativas em pacientes que sofram de diversas psiconeuroses, distúrbios psicossomáticos e desordens do caráter é necessário um trabalho sistemático ao longo de toda uma série de sessões psicodélicas, embora o uso de uma "única dose avassaladora", que caracteriza a terapia psicodélica, seja geralmente muito eficaz com alcoolistas, viciados em drogas, pessoas deprimidas e indivíduos morrendo de câncer. Na próxima sessão, descreverei a forma de psicoterapia auxiliada por drogas que considero mais eficaz em meu próprio trabalho clínico. Esta abordagem combina as vantagens das terapias psicolítica e psicodélica, e evita suas desvantagens. Seus princípios básicos são muito similares aos da terapia holotrópica que foi descrita detalhadamente num capítulo anterior. Isto não deve ser surpreendente, pois a respiração holotrópica é, conceitual e filosoficamente, um derivado direto do trabalho clínico com psicodélicos. As substâncias psicodélicas são instrumentos extremamente poderosos para abrir as profundezas do inconsciente e as alturas do superconsciente. Elas têm um grande potencial positivo e podem também apresentar grandes perigos, dependendo das circunstâncias. O trabalho com elas deveria ser abordado com grande seriedade e respeito. Como mostra a história do movimento psicodélico, a pesquisa neste campo pode apresentar armadilhas perigosas não só para os sujeitos experimentais, mas também para pesquisadores experientes. Se os psicodélicos forem alguma vez usados novamente na prática clínica, seu uso deveria ocorrer no contexto do trabalho de equipe, com controle e supervisão mútuos.

Alcir Vogel, psicanalista rankiano-ferenckziano, Mestre Magna cum laude em Ciências Cognitivas Tranpessoais, FBI Special’s Agent, FBI (BAU) - Behavioral Analisys Unit, Server of the Interpol and Interpol HQ, and FBI Community Outreach.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Mineiros dependentes de crack aderem ao chá de Iboga para cura do vício

A raiz importada da África é
triturada e o pó misturado com água

Eles dizem ter se livrado do vício após tratamentos em cínica da Grande São Paulo.


Desesperados para se livrar do crack, dependentes químicos e familiares de Minas Gerais estão buscando o tratamento alternativo do chá de iboga em clínicas de recuperação no interior de São Paulo e em Curitiba. A dose, única, custa entre R$ 4 mil a R$ 10 mil e não requer a internação do paciente. Apesar da falta de comprovação científica e dos riscos existentes de ministrar substância sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os viciados em drogas pesadas, como cocaína e crack, recorrem ao uso desse fitoterápico, que seria capaz de eliminar a vontade de usar drogas e a síndrome de abstinência (fissura). 

Relatos obtidos pela equipe de reportagem do Estado de Minas chegam a atribuir à iboga o poder de ‘cura’, de ‘renascimento’, de ‘apagar o passado’. “É uma sensação deliciosa acordar sem a menor vontade de usar droga, sem medo da recaída. A vontade simplesmente apagou-se da minha mente”, comemora o dono de bancas de jornais Wagner do Patrocínio, de 43 anos. Em função do envolvimento com o crack, Wagner caiu na sarjeta – usava até 20 pedras por dia. Ele passou um ano internado, em duas clínicas mas continuou com recaídas. 

Há três meses, Wagner aceitou experimentar a iboga por influência da mulher, Angela Chaves, que descobriu a novidade em Arujá-SP. “Bebi um pó parecido com canela, misturado na água. Na hora, é preciso deitar porque a gente perde o jogo das pernas. Depois, começa a ‘ver’ um monte de cenas ruins. Pessoas sendo esfaqueadas, coisas com chifres, bichos. A sensação dura umas cinco horas. Depois, você toma a segunda dose. Os pensamentos ruins somem e vêm coisas boas, como anjos”, revela ele, que recomendou o tratamento ao colega João Paulo Barbosa Neto, de 34 anos (leia Depoimento). “Voltei a ter vida social com minha mulher e minha filhinha”, diz Wagner. 

O psiquiatra Dartiu Xavier, diretor do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes de Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), aplicou a dose de iboga a 75 voluntários. Do total, 51% dos pacientes conseguiram largar a dependência química. “A taxa de sucesso é alta. Chega a ser 10 vezes maior em relação à média de 5% de recuperação registrada nas internações em comunidades terapêuticas”, compara o psiquiatra. 

 Este semestre, o psiquiatra dará entrada no Comitê de Ética da Unifesp com protocolo de estudo científico, inédito no país, na tentativa de comprovar a eficácia do uso da iboga no controle da dependência química em álcool e drogas. Caso seja aprovado, o ensaio clínico deverá comparar a reação dos viciados em crack, divididos no grupo que vai ingerir placebo e no outro, que receberá a fórmula original. “Mas os resultados serão a médio prazo”, alerta o pesquisador. Não há previsão de que, quando finalizados os trabalhos, a iboga possa ter autorização para ser usada como medicação controlada no Brasil.

Fonte: www.em.com.br

Uso de substâncias psicodélicas

Ao longo dos anos, muitos estudos ficaram estacionados devido à falta de informação, conhecimento e criminalização. Já foi constatado que o ...